A intermitente história do público alvo
Era uma mulher. Da cabeça aos pés uma mulher. Lia uma revista. Não! Um livro...um livro de padrões grandes. Era difícil ver o título, mas tinha belas ilustrações. Parecia concentrada e mantinha as mãos debaixo do volume, enquanto isso, o metrô chacoalhava. Entrava gente, saía gente. Milhares de pernas se entrelaçavam, se pisavam. As conversas eram múltiplas produziam ondas sonoras que se chocavam, deixando um burburinho, como um rádio mal sintonizado. A minha mulher estava lá ainda e eu não tirava os olhos. Tal concentração induzia uma obra de grande preciosidade. Ou talvez algo meramente fútil. Poderia ser ela tão sem graça quanto aquele volume; mas neste instante, a personagem ainda era minha e eu poderia fazer com ela o que quisesse. Se fosse rainha, poderia transformá-la em uma plebéia. Se fosse atriz, numa espectadora; ou então seria apenas uma leiga viajante de um mundo literato não muito diverso. Mas vamos voltar ao ponto onde estava eu, a personagem e um amontoado de gente no vagão do metrô. O celular dela tocou; uma musiquinha clássica dessas que não consegui identificar. O toque era crescente. Daí ela fechou o livro e pôs um dedo pra marcar a página. Era um tomo desses de psicanálise bem antigos. Minha personagem era assim: gostava de psicologia. Ou talvez fosse uma mera curiosa; o que mesmo assim não deixava de me interessar sumamente.
- Alô...sim...é possível que eu chegue lá pelas - olhou o relógio - cinco e meia. Talvez me atrase...não, uma só não basta...isso...chego em breve...tchau. - atrapalhou-se com a bolsa e deixou o livro cair.
Deixo com o leitor a continuação, ainda dou opção, pra você ver como sou bonzinho:
1 - Ajudo-a com o livro.
2 - Deixo que ela, só, consiga se desatrapalhar.
Vamos ver até onde vocês conseguem chegar =]
1 Comments:
Belo início.. acho q deves observá-la um pouco mais.. ateh o encontro..
detalhe-a mais.. entre no seu pensamento, no seu íntimo.. dispa-a..
mto bjos sr de lua.
Postar um comentário
<< Home